Além de garantir o abastecimento de água para boa parte dos milhões de moradores das cidades em seu entorno, a Represa Billings, o maior reservatório da Região Metropolitana, passará a ter mais uma função: a de produzir energia elétrica também em sua superfície com usinas de geração fotovoltaica flutuante (ela já alimenta o complexo hidrelétrico Henry Borden, em Cubatão).
O projeto da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), em fase de pré-implantação, prevê cinco plantas com 9 mil placas, instaladas a uma distância entre 80 cm e 1,2 m do nível da água. A usina, que tem previsão de ficar pronta até o fim do ano, tem potencial de gerar 1 Megawatt, o que corresponde ao abastecimento de cerca de 1500 residências. O investimento é de R$ 25 milhões.
“Essa geração de energia limpa pela matriz solar, além de diversificar o potencial energético de forma eficiente, corresponde à redução em CO2 equivalente emitido por 15,1 mil veículos/ano”, comemora a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Natália Resende.
“Ao investir dessa forma em parcerias com a iniciativa privada, estamos mostrando que o desafio do desenvolvim ento sustentável está sendo enfrentado com medidas estruturantes em um ambiente de diálogo e segurança regulatória”, acrescenta.
A partir da parceria entre a Emae e companhias privadas, foi feito, inicialmente, um teste com uma usina piloto montada em 2020. O equipamento, com 300 painéis fotovoltaicos instalados sobre flutuantes, ocupou uma superfície de 1 mil metros quadrados, e como a resposta superou a expectativa, a empresa seguiu em frente com a instalação do projeto definitivo.
A estimativa era a de uma geração diária de 351,6 kWh/dia, mas a estrutura superou a previsão em 7%. Foram, ao todo, 379,71 kWh/dia ou uma produção média mensal de 11.391 kWh/mês, o que seria suficiente para abastecer 75 residências no mesmo período. O investimento no projeto piloto foi de R$ 450 mil.
A usina flutuante é uma alternativa viável, segura e certificada, inclusive internacionalmente, para locais com alta densidade demográfica, como São Paulo. Pode, inclusive, ser utilizada sobre áreas onde antes funcionavam aterros sanitários, em lagos de barragens de hidrelétricas – há projetos em todo o país já em andamento nessa linha – ou em lagos formados em cavas de mineração já exauridas.
Dado o alto grau de ocupação do solo, a geração de energia limpa precisa competir com áreas em expansão ou já consolidadas, inclusive industriais, e locais como a Billings abrem uma enorme perspectiva econômica para os estados. “Hoje, a Emae está 100% engajada na produção de energia renovável”, diz o presidente da empresa, Marcio Rea.