Um grupo de 20 pacientes com lesão na medula espinhal (LME) e sintomas de disfunção erétil está sendo submetido a um estudo-piloto coordenado pela equipe de Urologia do Centro Universitário FMABC, em Santo André. Parte dos pacientes foi selecionada com a colaboração da Rede de Reabilitação Lucy Montoro de Diadema, serviço também sob gestão da Fundação do ABC.
O estudo investiga a eficácia de um neuroestimulador, o CaverSTIM – ainda em fase de testes no Brasil – desenvolvido por uma empresa suíça e que visa melhorar a vida sexual dos pacientes com lesões medulares graves. O dispositivo, implantado por baixo da pele, e com transdutores próximos à região da próstata, lança impulsos elétricos que estimulam a vasodilatação e o fluxo sanguíneo ao pênis.
Os impulsos, ativados por meio de um controle remoto sem fio, podem ser adequados conforme a tolerância de cada paciente e ajudam a melhorar a função dos nervos que integram o processo de ereção. O tratamento oferece alternativa a pacientes que não respondem aos medicamentos orais convencionais, como o popular Viagra.
Minimamente invasivas, as primeiras quatro cirurgias para implantação do dispositivo já foram realizadas no Hospital Estadual Mário Covas, serviço sob gestão da FUABC. Os outros pacientes devem receber o implante até a metade do ano.
“Já observamos melhora na função erétil dos primeiros pacientes, com diferença da sensibilidade e melhor resposta às medicações. Vamos monitorar os pacientes de seis meses a um ano após a implantação dos dispositivos para avaliação de melhora da função sexual, análise de deficiência do dispositivo e possíveis eventos adversos. Os testes clínicos ainda estão em fase inicial, mas os primeiros resultados mostram-se promissores no sentido de oferecermos mais qualidade de vida a pacientes que não têm controle sobre suas ereções”, disse o urologista Leonardo Seligra, que integra o grupo de estudo da FMABC.
Ao final da pesquisa, o paciente pode optar por retirar ou permanecer com o dispositivo. O trabalho é coordenado pelo professor titular da disciplina de Urologia da FMABC, Dr. Sidney Glina.
O estudo segue recrutando novos pacientes, que devem ter entre 18 e 55 anos, possuir lesão traumática da medula espinhal há pelo menos um ano e no máximo há 5 anos e ter disfunção erétil. Só depois de testes clínicos mais avançados é que a startup suíça, Comphya, poderá pedir o registro do CaverSTIM nas agências regulatórias dos países. Interessados em integrar a pesquisa da Urologia da FMABC podem entrar em contato pelo telefone (11) 93241-2086.