O presidente do Sinaceg, José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, recebeu com atenção a informação de que a Volkswagen tem planos para fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, cortar milhares de empregos e reduzir a remuneração em 10%.
“Vamos acompanhar a anunciada onda de demissões da montadora com atenção porque vivemos um bom momento no País e precisamos garantir que o mercado nacional seja mais fortalecido”, o sindicalista afirma.
Apesar das notícias da Alemanha, que dão conta de mais de 100 mil demissões, o cenário brasileiro é positivo. De acordo com a ANFAVEA, o terceiro trimestre de 2024 foi o melhor em cinco anos, com 715 mil veículos produzidos, um aumento de 19% em relação ao ano passado.
Já foram exportadas 41,6 mil unidades, o maior volume do ano, o que indica uma retomada inédita desde os tempos da pandemia. “Houve um crescimento no mercado nacional e os números tendem a subir”, diz Boizinho, com otimismo.
A situação na Alemanha, entretanto, é vista com preocupação, principalmente na região do ABCD. Primeiro grande pólo automotivo do País, a região sedia o Sinaceg (em São Bernardo) e sofreu, nos últimos anos, impactos com os enxugamentos das montadoras, como o caso recente da Ford, que em 20xx fechou uma unidade na região.
“Todos os atores devem estar atentos para aproveitar esse momento positivo que vivemos no Brasil para gerar empregos, renda e negócios”, destaca Boizinho.
Situação externa
A Volkswagen na Alemanha tem 87 anos de história e emprega 300 mil pessoas. Anteriormente a essa notícia, a empresa já havia feito alertas para a necessidade de medidas radicais. Tudo isso por conta da enorme concorrência na China, da desaceleração das vendas em outros mercados e da necessidade de ter de lidar com a cara transição para os veículos elétricos.
O primeiro alerta da Volkswagen ocorreu em setembro, quando a empresa anunciou que estudava o fechamento de fábricas na Alemanha. Porém, analistas se mostraram céticos por causa da forte oposição de políticos e do conselho de trabalhadores.
Da mesma forma que as concorrentes alemãs Mercedes-Benz e BMW, a Volkswagen está em declínio dos lucros na China. A empresa alemã projeta uma margem de lucro operacional em torno a 5,6% em 2024, abaixo da previsão anterior, que variava de 6,5% a 7%.
Esse mês, a Porsche, que é majoritariamente controlada pela Volkswagen, divulgou uma queda de 41% no lucro trimestral.