Diante da confirmação de que Santo André não se encaixa nos critérios adotados pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais de Saúde para receber lotes de vacina da dengue, assim como os demais municípios do ABC, a cidade deu início neste sábado (27) a um trabalho intensificado de busca ativa nas residências para detectar focos do mosquito Aedes aegypti. O ponto de partida foi o Jardim Santo André.
A primeira ação foi realizada entre a manhã e o início da tarde, nos arredores da Avenida Loreto. Estiveram envolvidas equipes da Atenção Primária à Saúde e do Departamento de Vigilância à Saúde, totalizando 29 pessoas, que realizaram visitas em 393 casas e comércios em um raio de seis quarteirões, munidos de frascos para coleta, pipetas, peneira e larvicida.
Além dessa busca ativa, foram distribuídos materiais educativos para a população em uma tenda que contou com orientadores e expôs maquetes, ilustrando a importância de se evitar acúmulo de água nas residências. Também foram apresentadas larvas do mosquito da dengue e outros informativos.
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Prioridade
“Santo André e o ABC não receberam a vacina por critério adotado pelo Ministério da Saúde junto às secretarias estaduais. Enquanto não recebemos essas doses, temos intensificado as ações de controle e combate aos criadouros. Essas ações são importantes para conscientizar a população, então iniciamos pelos locais que tiveram mais focos, onde se apresentaram mais casos”, pontuou o secretário de Saúde, Gilvan Junior, que participou da ação.
A escolha do Jardim Santo André para iniciar as ações não foi aleatória. “Identificamos o bairro de maior vulnerabilidade em relação à maior procura por serviço de saúde e casos positivos, que no caso foi o Jardim Santo André. Nessa área, os agentes percorreram nove quarteirões, no triângulo de maior vulnerabilidade, para encontrar os focos. E, de fato, tinham mesmo. Em mais de 60% dos imóveis visitados fizemos controle mecânico e foram coletadas oito amostras de larvas”, explicou a diretora do Departamento de Atenção à Saúde, Luciane Suzano Pereira Cunha.
No controle mecânico da dengue, sáo tomadas medidas que visam eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Isso inclui ações como evitar o acúmulo de água parada em recipientes, manter caixas d’água vedadas, descartar adequadamente pneus velhos e tampar tonéis e barris. Essas medidas ajudam a reduzir a proliferação do mosquito.
Verificação de possíveis focos
Um local visitado pelas equipes onde o proprietário trabalha com lavagem de carros, por exemplo, armazenava água da chuva para realizar os procedimentos nos automóveis. Ao se deparar com a situação, os agentes solicitaram a verificação do espaço e encontraram focos.
“Esse trabalho (de visitação casa a casa, com profissionais devidamente identificados) a Vigilância já faz o ano todo, mas por conta da campanha contra a dengue, em razão do aumento do número de casos positivos e pacientes sintomáticos, a gente está intensificando a busca de focos e fazendo a orientação in loco”, justificou Luciane Cunha.
“É fundamental que a população se conscientize e ajude o município dentro de suas casas a ver focos de dengue e combater, enquanto as doses da vacina não chegam. Paralelamente a isso, a gente tem cobrado as autoridades para enviar o quanto antes a vacina, para disponibilizar à população”, finalizou Gilvan Junior.
Justificativa
O Ministério da Saúde acordou, em conjunto com Conass e Conasems – órgãos representantes de secretarias de Saúde de estados e municípios – os critérios para a definição dos municípios que irão receber as doses da vacina da dengue, seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Neste primeiro momento as vacinas serão destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.
O público, em 2024, será composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, após pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.