Depois de sentir os impactos da desaceleração econômica brasileira, a região do ABC voltou a crescer.
Os números mais recentes do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios mostram uma retomada importante no pós-pandemia, mas também revelam um desafio persistente.
Mesmo com avanço acima da média nacional, a economia regional ainda não conseguiu recuperar o nível de atividade registrado no início da década passada.
A análise é do professor Sandro MasKio do Centro de Inteligência de Mercado, da Strong Business School, faculdade de negócios.
No biênio 2022 e 2023 a economia do ABC cresceu 6,52% em termos reais, descontado o efeito da inflação.
Neste mesmo período a economia brasileira 6,3%, a economia paulista 11,1% e a RMSP 12,2%.
Os dados oficiais sobre o desempenho do PIB municipal são divulgados com defasagem de aproximadamente 2 anos, dada a complexidade técnica e metodológica envolvida no detalhamento dessas informações.
Apesar da região do ABC ter apresentado uma taxa de crescimento acumulada ligeiramente superior à economia nacional, o desempenho da região se mostrou significativamente abaixo observado no Estado e na Região Metropolitana.
Ao longo da década de 2010 a economia do ABC sentiu a retração da economia brasileira, resultando em efeitos mais intensos que no plano nacional.
Enquanto a economia do país cresceu, em média, 0,41% ao ano na década compreendida entre 2011 e 2021, a economia do ABC encolheu 17,6%, o equivalente a uma retração média de 1,92% ao ano.
Mesmo com o crescimento observado após 2020, marcado pelo auge dos impactos econômicos da COVID, a expansão de 13,2% no triênio 2021/2023 não foi suficiente para aproximar a atividade econômica regional da observada no ano de 2011.

Fonte: IBGE
Elaboração: CIM / Strong Business School.
O PIB da Região do ABC no ano de 2023 se mostrou 12% abaixo do observado no ano de 2011, quando excluído o efeito da inflação do valor do PIB nominal dos diferentes anos.
Para tanto, utilizou-se o deflator do PIB do ABC, calculado e disponibilizado pela SEADE.

Fonte: SEADE e IPEA
Elaboração: CIM / Strong Business School.

Fonte: IBGE
Elaboração: CIM / Strong Business School.
Os dados recém divulgados pelo IBGE referente ao PIB dos municípios ainda não trouxeram a composição setorial do PIB por município, o que impossibilita a avaliação setorial da economia regional e a avaliação dos setores que mais contribuíram ou prejudicaram o desempenho da economia regional.

Fonte: IBGE
Elaboração: CIM / Strong Business School.
Um dos possíveis fatores explicativos da diferença de desempenho observada ao se comparar o desempenho da economia do ABC frente à economia paulista da RMSP, é a perda relativa de setores com maior capacidade de gerar valor adicionado, o que é concomitante com a simplificação relativa da estrutura produtiva regional.
Movimento este observado pela redução da participação dos setores de maior intensidade tecnológica na estrutura produtiva local, dificuldade de atração e ampliação relativa dos setores de serviços avançados (de maior intensidade tecnológica) e de atração de investimentos, comparativamente a outras regiões.
Para o professor Sandro Maskio da Strong Business School : “O principal desafio colocado é a retomada da competitividade regional, o que exige não apenas a ampliação das competências tecnológicas e inovadoras, mas também a melhora da composição da cadeia produtiva, com as devidas ações de planejamento urbano e articulações para atração de investimentos. “







