O pós-resgate dos animais no Rio Grande do Sul tem deixado protetores e simpatizantes da causa animal extremamente preocupados. Os abrigos provisórios estão lotados de animais que estão sendo colocados em baias improvisadas, acorrentados, em caixas de transporte. Isso tudo para que não ocorra fulgas ou mesmo brigas.
A situação tem provocado um enorme estresse entre os animais e também com os voluntários, que estão tentando fazer de tudo para garantir o mínimo de dignidade para esses pets. As doações que chegam ainda são insuficientes para suprir todas as necessidades visto que muitos animais estão adoecendo, outros já estavam doentes e precisam de medicamentos específicos.
Além disso, o número de voluntários diminuiu e protetores imploram que veterinários voluntários venham aos abrigos para prestar atendimento especializado. Atualmente estão em abrigos improvisados cerca de 8 mil animais que foram resgatados durante as enchentes nas cidades do Rio Grande do Sul.
Se a situação já não está fácil, imaginem o depois. Muitos protetores acreditam que grande parte desses animais poderão não retornar aos seus lares por vários motivos: muitas famílias estão desabrigadas e outras estão indo embora de suas cidades para outras regiões. E quem irá cuidar e custear esses animais que não retornarem para seus tutores?
A advogada ambientalista Renata de Freitas Martins, que atua no Rancho dos Gnomos, entidade que cuida de animais vítimas de maus-tratos em circos, falou no Papo Animal da última segunda-feira (20) com a jornalista e apresentadora Andréa Brock sob o tema. Para ela, mais difícil que a própria situação atual é justamente o futuro desses animais.
A advogada afirma que as legislações ambientais no Brasil não citam em seus artigos a destinação de recursos para abrigos e entidades de animais, mas “essas legislações podem ganhar uma readequação para enquadrar os animais” o que contemplaria os trabalhos nos abrigos do Rio Grande do Sul, uma vez que o Estado está em situação de calamidade pública.
A especialista em Direito Ambiental sugere que o governo federal utilize os fundos de meio ambiente de âmbito nacional que utilizam recursos provenientes de multas ambientais. “Há como adequar os artigos que tratam de situações extremas de calamidade para usar parte desses recursos em projetos para animais”, afirma a advogada.
Outra hipótese apresentada pela especialista é o governo utilizar o Fundo Nacional de Mudanças Climáticas para ajudar os animais do Sul a fim de apoiar projetos que visem recompor os animais que ali viviam. “É preciso pensar na fauna silvestre também”.
Outra alternativa apresentada pela advogada é que os recursos provenientes de ações indenizatórias, delações premiadas e multas ambientais sejam revertidos para as entidades que atuam na causa animal dessas regiões para que elas possam promover a manutenção da saúde e bem-estar dos animais que foram resgatados nas cidades atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul.
Veja a íntegra do programa.