Manter um abrigo que acolhe animais vítimas de maus-tratos e abandono não é tarefa fácil. Os altos custos com tratamento, alimentação, recuperação, vacinas, medicamentos, além da manutenção do espaço fazem da rotina dos abrigos uma luta diária pela sobrevivência com dignidade dos animais. Isso porque o número de abandono e maus-tratos crescem diariamente.
Se os custos de um abrigo para animais de pequeno porte como cães e gatos são considerados desafiadores, imagine os abrigos que acolhem animais de grande porte como cavalos, bois e até equinos.
No Abraço Animal, abrigo que cuida de cavalos e animais de grande porte vítimas de maus-tratos e abandono, os custos ultrapassam os R$ 40 mil mensais. Comandado pela protetora Karina Somaggio, o abrigo resgata cavalos e outros animais que precisam de cuidado especial após serem salvos de situações de abuso.
Mantido com a ajuda de padrinhos e madrinhas, como são chamados os que ajudam nos custos de entidades, o Abraço Animal atende atualmente 98 animais de grande porte. Vítimas de maus-tratos, muitos cavalos são submetidos a trabalhos árduos puxando carroças por horas, sem alimentação e água, carregando pesos excessivos, muitas vezes machucados e até com mutilações. Em alguns estados há o uso de charretes turísticas onde esses animais carregam diariamente turistas para passeios e são submetidos a trabalho incessante.
No Estado de São Paulo o uso de charretes é proibido por lei. Diversas cidades no Brasil estão proibindo essa prática. Em janeiro, moradores e turistas de Morro de São Paulo denunciaram um caso de maus-tratos a animais. Um cavalo utilizado para passeios pela ilha passou mal e caiu durante um passeio.
De acordo com testemunhas, o cavalo estava com sinais de desidratação e apresentava dificuldade para respirar. O caso ganhou repercussão nacional e a prefeitura de Cairu, município ao qual pertence o destino turístico de Morro de São Paulo, na Bahia, proibiu o uso de veículos de tração animal e a exploração de animais para o transporte como charretes e carroças.
“As pessoas precisam entender que os cavalos não são veículos. O poder público tem que dar condições dignas para os carroceiros que utilizam animais para a sobrevivência de suas famílias. É preciso respeitar esses animais como seres viventes”, ressalta Karina, que já cuidou de mais de 300 animais no Abraço Animal.
A entidade precisa de ajuda e também de voluntários para atuarem nas atividades do abrigo. As doações podem ser feitas pelo PIX: ongabracoanimal@gmail.com
O Papo Animal é transmitido às segundas-feiras, às 15h, nas redes sociais do ABC em OFF.
Veja a íntegra da entrevista concedida à jornalista Andréa Brock.