O setor industrial tem implementado diversas ações para contribuir com a sustentabilidade ambiental na linha de produção, conforme mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada com empresários de todo o país. O levantamento revela que nove em cada dez empresas industriais (89%) adotam medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos.
O plástico, por exemplo, é tido como um dos principais vilões do meio ambiente, já que pode demorar mais de 400 anos para se desintegrar. Mas por mais difícil que possa parecer lidar com esse material, a logística reversa – retorno do material descartado à cadeia produtiva – é possível, basta ter um projeto e planejá-lo, afirma Marcio Grazino, diretor da Maximu’s Embalagens Especiais, indústria instalada em Ribeirão Pires (SP) e que recicla todas as aparas plásticas de seu processo de fabricação.
A empresa adquiriu uma extrusora recicladora que recupera as sobras de material, com capacidade para reciclar 22 toneladas por mês. Com a aquisição, 100% dessas aparas voltam como matéria-prima para a fabricação de plástico bolha.
“Percebo que muito se fala em separar corretamente os resíduos, como o plástico, mas pouco se faz ou, quando é feito, acontece de maneira inadequada, reservando esse material de qualquer maneira, contaminando-o e, aí, tornando-o inapropriado para o processo de reciclagem”, fala Grazino. “O plástico não é vilão, ele não chega aos rios e ao mar sozinho. O que falta é educação e pró-atividade sobre como lidar com ele”, acrescenta.
Os resíduos são transformados em resina de polietileno reciclado que pode dar origem ao filme de polietileno para produção de plástico bolha e outros itens de proteção. “Durável, reciclável e presente em mais de 95% da matriz industrial, o plástico é um material muito apto para a implementação da economia circular”, pontua o diretor da Maximu’s.
Somando o valor da recicladora com as adequações de estrutura para comportá-la, foram investidos mais de R$ 1 milhão. O equipamento também passou por adaptações, já que o polietileno expandido é de difícil reciclagem, por ser muito leve e conter muito ar.
Antes da aquisição da recicladora, as aparas plásticas eram vendidas como sucata. “Agora, deixamos de vender esse material no mercado, o que depois custaria para voltar para nós como matéria prima reciclada e sem que tivéssemos controle sobre a maneira como essa reciclagem era feita, se foi realizada em processo adequado para garantir a qualidade, reforçando o ciclo de sustentabilidade”, pontua.
“Diminuir o plástico é fundamental, principalmente nos oceanos, eles causam diversos prejuízos, ter uma embalagem sustentável faz toda a diferença para o meio ambiente, não é apenas e estética, e sim uma nova visão para o consumidor e ele ser cada vez mais a sustentabilidade e fazer escolhas melhores”, ensina Anderson Cruz, advogado, ativista social e ambiental e Membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB de São Paulo.
Fazendo o próprio processo de reciclagem, a Maximu’s Embalagens consegue viabilizar o ciclo de reaproveitamento em, aproximadamente, 48 horas. “Quando era feito por terceiros, levava 40 dias”, conta Grazino.
Energia Solar
A pesquisa da CNI também mostrou que a energia solar é a fonte renovável que desperta o maior interesse entre os empresários industriais. Na amostra geral, 75% dos entrevistados disseram ter muito ou algum interesse em adotar esse tipo de fonte energética.
A Maximu’s projeta a geração de energia solar para o funcionamento da recicladora. “As sobras de plástico são tratadas como lixo, mas elas não são e podem voltar ao processo de fabricação, impulsionando a logística reversa, a economia circular e, principalmente, cuidando do meio ambiente, vital para toda a sociedade. Nossa ideia é ter um centro próprio de reciclagem movido com energia limpa”, conclui.