A combinação de telemetria, conectividade e inteligência artificial (IA) já está transformando o transporte rodoviário no Brasil.
Sistemas embarcados em caminhões possibilitam prever áreas de maior risco de acidente, identificar trechos com tráfego intenso ou incidência de furtos de carga e até detectar sinais de fadiga do motorista.
Na prática, a IA transforma grandes volumes de dados em informações estratégicas para a condução e a gestão de frotas.
Sensores e algoritmos já permitem, por exemplo, que o veículo reduza automaticamente a velocidade em áreas urbanas, indique o momento ideal para revisões e oriente o condutor sobre técnicas de direção mais defensiva e econômica.
Além de fabricantes de caminhões, empresas de pneus e tecnologia têm desenvolvido plataformas que monitoram, em tempo real, itens como pressão e temperatura dos pneus, desempenho mecânico e comportamento do motorista.
Pesquisas apontam ganhos significativos, como aumento da vida útil dos componentes e redução no consumo de combustível.
No entanto, especialistas alertam para os riscos de exposição de informações sensíveis, como rotas, tipos de carga, números de faturamento e dados pessoais de motoristas, reforçando a necessidade de proteção de dados e transparência no uso dessas tecnologias.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, a modernização tecnológica é inevitável, mas precisa vir acompanhada de responsabilidade.
“A inteligência artificial é uma aliada importante para aumentar a segurança e eficiência no transporte, mas não podemos ignorar o risco que o mau uso de dados pode trazer. É fundamental garantir que as informações coletadas sejam tratadas com ética e protegidas contra qualquer tipo de vazamento.”
O diretor regional do Sinaceg, Márcio Galdino, reforça que a categoria acompanha de perto a chegada dessas inovações, sempre priorizando a segurança dos motoristas e das cargas.
“A tecnologia embarcada é bem-vinda quando respeita o trabalho do caminhoneiro e traz benefícios reais para a operação. O que defendemos é que qualquer uso de dados seja transparente, seguro e alinhado à legislação, para proteger tanto o profissional quanto o cliente.”
Com a IA ganhando espaço nos caminhões, o debate sobre segurança da informação no transporte rodoviário torna-se cada vez mais urgente.
O Sinaceg defende que a regulamentação acompanhe o avanço da tecnologia, assegurando que o setor continue evoluindo sem comprometer direitos e garantias dos trabalhadores e empresas.