Esforço da equipe do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Praça Chile e da Residência Terapêutica Feminina, no Parque das Nações, em Santo André, pôs fim a uma espera que já durava 16 anos.
Esse foi o tempo em que Maria do Rosário ficou afastada dos filhos Leandro, 41 anos, e Leonardo, 39, após sumiço repentino em 2007. O reencontro aconteceu na última terça-feira (7) na RT (Residência Terapêutica Feminina) onde a paciente, que sofre de esquizofrenia, viveu nos últimos 13 anos.
Até 20 dias atrás, Maria do Rosário tinha apenas um RG, com sua foto e seu nome incompleto, sem nenhuma informação adicional como filiação, data ou local de nascimento. O documento foi tirado em 2010, quando ela foi acolhida na RT de Santo André para que tivesse acesso à rede municipal de saúde e aos demais serviços públicos.
De porte deste RG e de parte da história de Maria do Rosário, a assistente social do Caps Praça Chile, Sandra Aparecida da Silva foi até uma delegacia do bairro e, após cruzamento de dados, descobriu um Boletim de Ocorrência registrado por familiares sobre o sumiço da idosa, em 2008. Iniciou-se então a busca por essas pessoas até que os filhos Leandro e Leonardo foram encontrados.
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Irmãos foram juntos reencontrar a mãe
Leandro Pereira Alves, que atua como artesão, mora atualmente em Várzea Paulista, enquanto seu irmão, Leonardo Pereira Alves, desenvolvedor de software, mora em Pirituba. Eles mantêm contato esporádico, mas fizeram questão de ir juntos para Santo André para reencontrar a mãe. Maria do Rosário teve ainda mais dois filhos, sendo que um morreu e outro não se tem notícia – a última informação era de que ele vivia no Litoral de São Paulo, em Mongaguá.
“Estávamos ansiosos, desde que o Leandro recebeu a ligação de que tinham encontrado a mãe. Tive uma infância muito difícil, crescer sem a presença dela, principalmente na escola, quando tinha homenagem para as mães e eu não tinha a minha ao meu lado. Foi doloroso demais e eu tentava não pensar mais nesse assunto”, contou Leonardo, que foi afastado da mãe no primeiro ano de vida pelo próprio pai e não a conhecia.
Já Leandro foi o último a ver a mãe, no ano de 2007, quando ela fugiu após um surto. “Nunca mais tive notícias dela. Andava sempre angustiado por não saber por onde andava. Quando recebi a ligação da equipe do Caps fiquei muito aliviado por saber que ela está num lugar bom e está sendo muito bem cuidada”, contou.
“Devolução da história”
Assim que chegaram à sala da Residência Terapêutica onde estava Maria do Rosário, os filhos logo a abraçaram. Surpresa e sem entender direito, a paciente olhava profundamente para os filhos como se tentasse reconhecê-los. Além de Leandro e Leonardo, participaram do encontro as noras e as três netas de Maria do Rosário que ela nem sabia que existiam, todas filhas de Leandro.
“Poder proporcionar para a Maria do Rosário esse reencontro é devolver para ela a própria história que nós, até então, sabíamos só pedaços e com várias lacunas. Ela vai poder nos contar o que de fato ocorreu, o que ficou para trás e essa família vai poder, a partir destas conexões, restabelecer seus laços de afeto e perceber que essa mãe não os abandonou, mas estava desaparecida. Eles vão poder, juntos, escrever novos capítulos desta história”, comentou a coordenadora da Saúde Mental de Santo André, Marinês Santos de Oliveira.
A partir do reencontro, os filhos têm autonomia para decidir se desejam ou não ter a mãe definitivamente com eles ou mantê-la acolhida na Residência Terapêutica de Santo André, onde ela pode receber visitas em qualquer momento, inclusive aos finais de semana. Os filhos também podem levar a mãe para passear, passar final de semana e festividades nos municípios que residem.