Diadema realiza nesta quarta-feira (7) no Centro Cultural Diadema, a 16ª edição do evento Águas de Iemanjá. Em 2024, o tema é Yemọja, Olómi, ìdàpọ̀ aráiyé (Yemanjá, senhora das águas, união da humanidade), e as atividades serão realizadas em parceria pela Secretaria de Cultura, MAP, Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR), Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros de Diadema (Fucabrad) e Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan.
O evento reúne exposições, apresentações, palestra do professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Acácio Sidinei Almeida Santos e louvações. Haverá também atividades no dia 24 de fevereiro, no Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan, na Vila Nogueira.
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O babalorixá Jurandir de Xangô, um dos organizadores da atividade, explica que o tema remete à união dos povos. “O evento celebra Iemanjá, essa grande Orixá para quem todo mundo pede saúde e prosperidade pulando as sete ondas no final do ano. E a gente está falando de união, essa união que a humanidade está precisando”, relata.
Jurandir lembra que a festa chega aos 16 anos e que o desejo de todos os envolvidos é que ela seja realizada ainda por mais muito tempo, embora sempre haja dificuldades. “Ainda sofremos preconceito, discriminação contra nossa religião, enquanto homens e mulheres negras, de candomblé, de umbanda, do axé. É contra tudo isso que a gente convoca a união, um dando a mão para o outro, para tornar a vida um pouco mais fácil”, pontua.
Religiões
O babalorixá lembra que nas religiões de matriz africana, Iemanjá é uma das iabás, um arquétipo de mulheres guerreiras, que traz na simbologia do mar, na sua imensidão, momentos de calmaria e revolta, um pouco da natureza e da cultura de quem cultua sua força. “Nenhuma religião ensina o mal, todas elas ensinam o bem. As religiões de matriz africana também, dentro de uma roça de candomblé, de uma tenda de umbanda, somos uma família e todos queremos o melhor para a humanidade.”
A coordenadora da CREPPIR, Marcia Damaceno, pontua que é dever do poder público preservar os valores civilizatórios de todo os povos que chegaram ao Brasil após atravessar o oceano, ainda que muitos deles tenham vindo de forma forçada e violenta no período da escravidão. Que assim como os colonizadores portugueses trouxeram sua tradição católica de culto à imagem da figura feminina de Nossa Sra. dos Navegantes, que cuida dos peregrinos durante a travessia do mar, os povos de matriz africana de cultura iorubá trouxeram o culto à divindade feminina Iemanjá como uma mãe protetora.
“A cidade de Diadema deve aprender com ambas tradições religiosas que devemos acreditar no amor, no cuidado para com o outro, no diálogo e no convívio com respeito às diferenças de pensamento, de crenças, de comportamento, independentemente da raça e ou cor da pele”, afirma Marcia. “Para isso, apostamos na oferta de serviços e políticas públicas, de ações afirmativas, dando dignidade e oportunidade ao povo diademense, livrando-o de todas as formas de racismo, preconceito, discriminação e intolerância”, relata a coordenadora.
Confira a programação:
7 de fevereiro, a partir das 19h
Centro Cultural Diadema
Rua Graciosa, 300, Centro
Espaço Cândido Portinari
Cantiga de acolhimento
Tribo Mubangí
Puxada de rede Pescador de Xaréu
Tribo Mubangí
Coordenação: Luanda Ferreira Martins da Silva
Produção: Mestrando Juliano Martins
Teatro Clara Nunes
Palestra Tradições dos Povos de Matrizes Africanas
Acácio Sidinei Almeida Santos é docente da Universidade Federal do ABC (UFABC). Tem doutorado em Sociologia e pós-doutorado em Saúde Pública, ambos pela USP. Desde 1999 desenvolve pesquisa na Costa do Marfim, país do Oeste da África. Sua palestra vai trazer um panorama dos diversos grupos étnicos africanos vindos no período da escravidão e que hoje mantém suas características próprias e um caráter de união, representado pela figura de Iemanjá.
Louvação a Iemanjá na Umbanda
Tenda de Umbanda Caboclo Ubirajara e Esù Ventania – Pai Cássio Ribeiro
Louvação a Abê Manjá no Tambor de Mina
Bou Hou Mina Jeje/Nagô Vodum Toy Agadjá Doçu – Dáda Voduno Leonardo de Toy Doçu e Nochê Beth de Oyá
Casa das Mina de Thoya Jarina
Toy Voduno Márcio de Boço Jara
Louvação a Iemanjá na Nação Queto
Ilè Asè Alaketù Osùmàrè
Iyalorisà Mãe Célia de Bessem
EXPOSIÇÕES
Espaço Cândido Portinari
Visitação até: 1 de março de 2024
Exposição: Yemanjá, Mar de União
William Teodoro e Amra
William Teodoro e Amra se uniram para nos brindar com uma envolvente exposição em homenagem a Iemanjá, símbolo incontestável de união para a humanidade. A exposição conta com obras produzidas em conjunto e peças individuais especialmente produzidas a 16ª Festa de Águas de Iemanjá.
William Teodoro é Artista Visual, Arte Educador e Multiartista. Formado em Artes Visuais e design de interiores é representante de Artes Cênicas no Conselheiro de Cultura de Diadema e integrante de movimentos de promoção da igualdade racial.
Amra é multiartista preto e periférico da região de Diadema, busca entender e expressar formas humanas no seu cotidiano inconsciente da realidade, materializando sua arte no muralismo, escultura, pintura em tela e pirografia.
MAP – Museu de Arte Popular
Visitação até: 1 de março de 2024
Exposição: Yemanjá, Obras do Acervo
Por meio de pinturas e objetos tridimensionais do acervo do MAP que representam Iemanjá e orixás que a cercam, a exposição é um tributo à Senhora das Águas, uma celebração da união que ela representa entre a humanidade e os elementos primordiais.
24 de fevereiro, a partir das 14 horas
Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan
Rua Marcos Azevedo, 240 – Vila Nogueira
Acolhimento
Exposição: Orixás e o Sagrado
Geni Santos
Na exposição ‘Orixás e o Sagrado’ Geni Santos explora o sincretismo nascido durante a escravidão, onde cada orixá se entrelaça com um santo católico. Sob a imposição do catolicismo aos negros, essa roupagem tornou-se a estratégia para preservar a vitalidade de seus deuses originais, revelando a complexidade e resistência espiritual dessas tradições.
Geni Santos
A artista se destaca por suas expressivas esculturas de orixás. Sua arte não apenas reflete sobre as religiões de matriz africana, explorando a riqueza visual das manifestações religiosas e o sincretismo como elementos essenciais de sobrevivência, mas também nos convida à reflexão sobre as mudanças e preservação dessas expressões culturais.
Visitação até 30 de abril de 2024
Explanação e Louvação a Iemanjá na Nação Queto
Ilê Axé Nochê Abê Manjá Orubarana
Bàbálorisá Nelson de Ty Yemanjá
Carimbó
Grupo Cavaleiros de Doçu, Direção Cecília Mani
O Grupo Cavaleiros de Doçu, sob a direção de Cecilia Mani, apresentará o Carimbó, um ritmo de dança indígena que se miscigenou ao receber influências, principalmente da cultura negra, e que ressurge nas últimas décadas como música regional e associada às festividades religiosas.